A Arte da Composição

Como muitos que acompanham meu trabalho sabem, sou compositor. Em diversas programações, eventos e meros bate-papos as pessoas me perguntam de quem são as músicas que interpreto e quando falo que são autorais me fazem a segunda pergunta de como é o lance de compor um arranjo, uma melodia, de escrever uma canção… Eu digo que há dois tipos de compositores: aqueles que sentam e começam a escrever e aqueles que escrevem quando sentem uma inspiração, seja através de iluminação divina, um determinado momento que está passando na vida, situações inusitadas do dia a dia ou coisa do tipo… Eu sou do tipo de pessoa que não tem muita criatividade para sentar e escrever sobre um tema pressuposto, sou do time dos compositores por inspiração em 90%.

Os desafios de compor são grandiosos, muitas vezes quero escrever algo para um público de pessoas, outrora quero escrever para mim… Cada música tem sua história e alguns objetivos se assim posso dizer, algumas escrevi para mim, outras para os outros mas em comum todas tem um pouco do Danilo e uma forma de falar que me é peculiar: é o modo que eu gostaria de ler/ouvir se eu fosse a pessoa do outro lado. Há musicas que nasceram em sonho, outras no ônibus, metrô, caminhando na rua, assistindo culto na igreja, no quarto assim que acordo e por aí vai…

Voltando ao lance dos desafios de compor, nós como pessoas que produzem e transmitem conteúdos estamos sempre nesta linha tênue entre o falar o que gosta, da forma que gosta e o falar de uma forma que a pessoa que receberá a mensagem também se identifique e que aquele conteúdo seja atrativo para ela ouvir/ler mais vezes e até retransmiti-lo talvez.

Eu particularmente tenho prazer em escrever canções com uma linguagem mais contemporânea e que em seus conteúdos esteja uma mensagem que leve alegria, interrogações (a ideia do interrogar-me) ou estimular a imaginação (trazer para o meu mundinho do momento que compus). Há músicas que escrevi que de supetão já é possível captar a mensagem como “Tá lascado? Louve!” e há outras como “A Vida e o Viver” que até hoje quando ouço tenho que ouvir repetidamente para captar aquela mensagem que quis passar no passado.

Tenho prazer de estar inserido na arte e espero sempre cooperar com ela da melhor forma possível, seja escrevendo, arranjando… Os desafios são muitos e a cada dia é necessário um esforço maior, esta é uma das motivações que leva-me a continuar e acho que para muitos que “produzem arte” também, pois por si só a muitos não é valorizada.